DIA 27.05.2016 QUILOMBO SÃO BENEDITO .

História de conflito pelo reconhecimento de famílias de descendentes de escravos africanos emocionou delegação queniana em visita à Paraíba
Uma área de 120 hectares é o território de 28 famílias no Quilombo Senhor do Bonfim, no município de Areia, na Paraíba. Em 2011, elas encerraram um longo processo de reconhecimento como remanescentes quilombolas e receberam a posse de sua terra, onde produzem banana, mandioca, couve, pimentão, batata-doce, laranja, limão, e outras frutas, hortaliças e tubérculos.
No dia 18 de maio, o quilombo recebeu a visita da delegação de 18 representantes do governo do Quênia e do escritório de país do PMA que estavam no Brasil em visita de estudos organizada pelo Centro de Excelência. Os agricultores do quilombo trabalham coletivamente e fornecem alimentos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A visita ao quilombo foi um momento de forte emoção para a delegação queniana. Dona Severina, a matriarca da comunidade, contou que antes do reconhecimento, sua família trabalhava naquela terra em condições análogas à escravidão. Mãe de 14 filhos, Dona Severina contou que às vezes não havia absolutamente nada para comer e ela dava água com um pouco de açúcar para enganar a fome.
Fátima, uma das filhas mais velhas de Severina, contou que começou a trabalhar no cultivo de cana-de-açúcar aos oito anos de idade. “Hoje não temos uma terra, temos um território, para cultivar até mesmo alimentos que nunca conhecemos antes do reconhecimento do quilombo, como verduras. Antes éramos prisioneiros, derramávamos nosso suor pelos outros, hoje derramamos nosso suor por nós mesmos”.
Susan Mochache, Secretária Executiva do Ministério do Trabalho e Segurança Social e Serviços responsável pela área de proteção social e líder da delegação ficou muito impressionada com a história do quilombo. “É muito triste saber que pessoas foram libertadas da escravidão tão recentemente.”
O estado da Paraíba tem cerca de 40 quilombos reconhecidos. A presidente da Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afro-descendentes da Paraíba (Aacade-PB), Francimar Fernandes, acompanhou a visita e falou um pouco sobre o forte conflito envolvido na desapropriação da terra para a constituição do Quilombo Senhor do Bonfim. “Passar de uma mentalidade de escravo para uma mentalidade de pessoa com direitos é muito difícil”, afirmou.
Foto: Dona Severina, a matriarca da comunidade, contou que antes do reconhecimento, sua família trabalhava naquela terra em condições análogas à escravidão.
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