Que Deus nos livre deste futuro para Bertioga .
Que oportunidade real de se vislumbrar o futuro de Bertioga.
Pressão imobiliária deixa cidade "ilhada" por favelas
Valorização imobiliária de áreas centrais "empurra" favelas para fronteiras
Censo 2010 aponta que, dos 39 municípios da Grande São Paulo, 34 cresceram mais que a capital em dez anos
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
A valorização imobiliária de áreas centrais e até de regiões antes tidas como periféricas tem empurrado as favelas de São Paulo para as fronteiras da cidade e contribuído para um "boom" demográfico no seu entorno.
Mapa da Secretaria Municipal de Habitação mostra que as favelas formam hoje um cinturão nos limites da cidade, que, muitas vezes, transborda para o entorno.
Desde os anos 1990, a região central perde população e a periferia ganha, mas na última década essa expansão avançou pela metrópole.
Segundo o Censo 2010, dos 39 municípios da região, 34 cresceram mais que a capital nos últimos dez anos.
Pesquisa da Fundação Seade para a Secretaria de Estado da Habitação mostra que, apesar de deter 57% da população da metrópole, a capital tem menos favelas (1.594) que o entorno (1.746).
O "extravasamento populacional", no idioma do IBGE, só não afeta a zona norte, onde a serra da Cantareira se tornou um biombo natural.
Já ao sul, a ocupação do entorno das represas Billings e Guarapiranga espalhou favelas a oeste (Itapecerica, Embu e Taboão da Serra) e ao sul (Diadema). A leste, o fenômeno ocorre nas fronteiras com Guarulhos e Mauá.
O movimento pressiona as cidades vizinhas ao elevar a demanda por serviços como moradia, educação, saúde, transportes, água e esgoto.
Para João Ricardo Guimarães Castro, diretor do Consórcio Intermunicipal do ABC, o processo "demanda políticas de toda ordem".
"Tem o trânsito, pois as pessoas moram longe dos locais de trabalho, água, luz, esgoto, asfalto, escola e até a questão da segurança pública, na medida em que aumenta a mancha urbana."
Segundo Jacira Moreti, secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda de Taboão da Serra, além de investir em moradia, é preciso atendimento social e capacitação profissional.
A cidade tem atraído moradores também por conta da chegada de empresas, que cresceu após o Rodoanel, em 2002. "Nos últimos anos, o investimento no desenvolvimento social dessas pessoas tem sido muito grande", diz.
Outro problema é a desarticulação das cidades para lidar com aglomerações intermunicipais. "Não é uma estratégia municipal, é preciso planejamento metropolitano", diz o urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.
Para Nakano, até extremos das zonas sul e leste ganharam infraestrutura (asfalto, coleta de lixo, energia elétrica), o que levou à valorização e à ocupação dos terrenos.
Valorização imobiliária de áreas centrais "empurra" favelas para fronteiras
Censo 2010 aponta que, dos 39 municípios da Grande São Paulo, 34 cresceram mais que a capital em dez anos
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
A valorização imobiliária de áreas centrais e até de regiões antes tidas como periféricas tem empurrado as favelas de São Paulo para as fronteiras da cidade e contribuído para um "boom" demográfico no seu entorno.
Mapa da Secretaria Municipal de Habitação mostra que as favelas formam hoje um cinturão nos limites da cidade, que, muitas vezes, transborda para o entorno.
Desde os anos 1990, a região central perde população e a periferia ganha, mas na última década essa expansão avançou pela metrópole.
Segundo o Censo 2010, dos 39 municípios da região, 34 cresceram mais que a capital nos últimos dez anos.
Pesquisa da Fundação Seade para a Secretaria de Estado da Habitação mostra que, apesar de deter 57% da população da metrópole, a capital tem menos favelas (1.594) que o entorno (1.746).
O "extravasamento populacional", no idioma do IBGE, só não afeta a zona norte, onde a serra da Cantareira se tornou um biombo natural.
Já ao sul, a ocupação do entorno das represas Billings e Guarapiranga espalhou favelas a oeste (Itapecerica, Embu e Taboão da Serra) e ao sul (Diadema). A leste, o fenômeno ocorre nas fronteiras com Guarulhos e Mauá.
O movimento pressiona as cidades vizinhas ao elevar a demanda por serviços como moradia, educação, saúde, transportes, água e esgoto.
Para João Ricardo Guimarães Castro, diretor do Consórcio Intermunicipal do ABC, o processo "demanda políticas de toda ordem".
"Tem o trânsito, pois as pessoas moram longe dos locais de trabalho, água, luz, esgoto, asfalto, escola e até a questão da segurança pública, na medida em que aumenta a mancha urbana."
Segundo Jacira Moreti, secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda de Taboão da Serra, além de investir em moradia, é preciso atendimento social e capacitação profissional.
A cidade tem atraído moradores também por conta da chegada de empresas, que cresceu após o Rodoanel, em 2002. "Nos últimos anos, o investimento no desenvolvimento social dessas pessoas tem sido muito grande", diz.
Outro problema é a desarticulação das cidades para lidar com aglomerações intermunicipais. "Não é uma estratégia municipal, é preciso planejamento metropolitano", diz o urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.
Para Nakano, até extremos das zonas sul e leste ganharam infraestrutura (asfalto, coleta de lixo, energia elétrica), o que levou à valorização e à ocupação dos terrenos.
Favela cresce e ocupa área de 4 cidades
Vila Nova Esperança, com 450 famílias, é um exemplo da expansão desse tipo de moradia para as fronteiras de SP
Operações urbanas também ajudam a tirar moradias precárias de regiões mais bem estruturadas da capital
Vila Nova Esperança, com 450 famílias, é um exemplo da expansão desse tipo de moradia para as fronteiras de SP
Operações urbanas também ajudam a tirar moradias precárias de regiões mais bem estruturadas da capital
Lalo de Almeida/Folhapress |
Vista aérea de favela em Osasco, próximo à divisa com São Paulo
DE SÃO PAULO
A Vila Nova Esperança é um bom exemplo das favelas conurbadas na metrópole: metade em São Paulo, metade em Taboão e na fronteira com Osasco e Cotia.
O núcleo, hoje com 450 famílias, surgiu nos anos 1970, como uma pequena ocupação, mas cresceu atraindo gente das áreas centrais sem casa e dinheiro.
Sem água encanada, energia elétrica e esgoto, a favela só não virou "terra de ninguém" porque quem vive ali assumiu a gestão, diz Maria de Lourdes Andrade de Souza, a Lia, líder dos moradores, há sete anos na favela.
Com as prefeituras de São Paulo e Taboão os moradores não conseguem muita coisa porque a ocupação é alvo de ação do Ministério Público, que afirma que ela afeta o parque Tizzo, área protegida.
"A vila parece que é veneno para a mata, mas os condomínios de luxo devem ser vitamina", diz Lia, se referindo aos condomínios existentes, em planejamento ou em construção nas imediações.
Além da expansão imobiliária motivada pelo bom momento da economia, o fim das favelas em regiões mais estruturadas cresce também com as operações urbanas -ações da prefeitura para requalificar áreas da cidade.
Só a Operação Urbana Água Espraiada vai remover 16 favelas da região da avenida Jornalista Roberto Marinho -10 mil pessoas. O município oferece indenização ou uma bolsa-aluguel enquanto não houver moradia.
Para Jupira Cauhy, que liderou movimento contra a remoção na favela do Sapo, na Barra Funda, os valores são baixos. "Com R$ 300 mensais não dá para alugar nada. Muitas famílias tiveram que ir para muito longe."
Na última década, a capital ganhou 62 favelas, sendo 39 delas nos extremos sul e leste da cidade, as regiões socialmente mais vulneráveis. O recorde foi na década de 1970, quando surgiram 558.
Há 389,6 mil moradores de favelas. Cinco distritos da zona sul lideram o ranking, com quase metade dessa população (177,2 mil).
A prefeitura promove intervenções hoje em 54 dessas áreas (82,8 mil pessoas) por meio do seu principal projeto, o Programa de Urbanização de Favelas. Já o Programa Mananciais, em parceira com o Estado, urbaniza outras 81, com 61 mil famílias.
A meta é transformar favelas e loteamentos irregulares em bairros, com ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação e serviços públicos.
No caso de áreas de risco, o Programa Mananciais prevê também a remoção e o reassentamento de famílias. Às subprefeituras cabe o monitoramento das áreas para evitar novas ocupações.
DE SÃO PAULO
A Vila Nova Esperança é um bom exemplo das favelas conurbadas na metrópole: metade em São Paulo, metade em Taboão e na fronteira com Osasco e Cotia.
O núcleo, hoje com 450 famílias, surgiu nos anos 1970, como uma pequena ocupação, mas cresceu atraindo gente das áreas centrais sem casa e dinheiro.
Sem água encanada, energia elétrica e esgoto, a favela só não virou "terra de ninguém" porque quem vive ali assumiu a gestão, diz Maria de Lourdes Andrade de Souza, a Lia, líder dos moradores, há sete anos na favela.
Com as prefeituras de São Paulo e Taboão os moradores não conseguem muita coisa porque a ocupação é alvo de ação do Ministério Público, que afirma que ela afeta o parque Tizzo, área protegida.
"A vila parece que é veneno para a mata, mas os condomínios de luxo devem ser vitamina", diz Lia, se referindo aos condomínios existentes, em planejamento ou em construção nas imediações.
Além da expansão imobiliária motivada pelo bom momento da economia, o fim das favelas em regiões mais estruturadas cresce também com as operações urbanas -ações da prefeitura para requalificar áreas da cidade.
Só a Operação Urbana Água Espraiada vai remover 16 favelas da região da avenida Jornalista Roberto Marinho -10 mil pessoas. O município oferece indenização ou uma bolsa-aluguel enquanto não houver moradia.
Para Jupira Cauhy, que liderou movimento contra a remoção na favela do Sapo, na Barra Funda, os valores são baixos. "Com R$ 300 mensais não dá para alugar nada. Muitas famílias tiveram que ir para muito longe."
Na última década, a capital ganhou 62 favelas, sendo 39 delas nos extremos sul e leste da cidade, as regiões socialmente mais vulneráveis. O recorde foi na década de 1970, quando surgiram 558.
Há 389,6 mil moradores de favelas. Cinco distritos da zona sul lideram o ranking, com quase metade dessa população (177,2 mil).
A prefeitura promove intervenções hoje em 54 dessas áreas (82,8 mil pessoas) por meio do seu principal projeto, o Programa de Urbanização de Favelas. Já o Programa Mananciais, em parceira com o Estado, urbaniza outras 81, com 61 mil famílias.
A meta é transformar favelas e loteamentos irregulares em bairros, com ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação e serviços públicos.
No caso de áreas de risco, o Programa Mananciais prevê também a remoção e o reassentamento de famílias. Às subprefeituras cabe o monitoramento das áreas para evitar novas ocupações.
Para urbanista, solução depende de planejamento
DE SÃO PAULO
A solução das ocupações precárias nas fronteiras municipais depende do planejamento global da metrópole, afirma o urbanista Kazuo Nakano.
"Isso você só enfrenta com uma estratégia metropolitana. As cidades não estão preparadas. A maior parte delas tem planos diretores muito frágeis."
O secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, afirma que é preciso que o Congresso aprove o Estatuto da Metrópole, que prevê um plano diretor metropolitano.
Ele espera que o Conselho de Desenvolvimento, formado pelo Estado e prefeitos das 39 cidades, a ser instalado em setembro, tente encaminhar o tema.
João Ricardo Guimarães Castro, diretor do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, diz ter dúvidas se a carência é de lei ou de gestão, lembrando que a lei de mananciais não impediu a ocupação da Billings e da Guarapiranga.
DE SÃO PAULO
A solução das ocupações precárias nas fronteiras municipais depende do planejamento global da metrópole, afirma o urbanista Kazuo Nakano.
"Isso você só enfrenta com uma estratégia metropolitana. As cidades não estão preparadas. A maior parte delas tem planos diretores muito frágeis."
O secretário estadual de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, afirma que é preciso que o Congresso aprove o Estatuto da Metrópole, que prevê um plano diretor metropolitano.
Ele espera que o Conselho de Desenvolvimento, formado pelo Estado e prefeitos das 39 cidades, a ser instalado em setembro, tente encaminhar o tema.
João Ricardo Guimarães Castro, diretor do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, diz ter dúvidas se a carência é de lei ou de gestão, lembrando que a lei de mananciais não impediu a ocupação da Billings e da Guarapiranga.
www.sositaguare.blogspot.com
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