9 DE JULHO REVOLUÇÃO DE 1932.

Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista foi o movimento armado ocorrido no estado de São Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar ogoverno provisório de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.[4]
O movimento cresceu a partir do ressentimento local com o fato de Vargas governar por decreto, sem uma Constituição e em um governo provisório. O golpe de Estado também afetou São Paulo ao corroer a autonomia que os estados brasileiros gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas. A Revolução de 1930 impedira a posse do ex-presidente (atualmente denomina-se governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na presidência da República e derrubou do poder o presidente da repúblicaWashington Luís, colocando fim ao período conhecido como República Velha,[5] invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o governo provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas.[6]
Conforme o movimento e o ressentimento contra o presidente Vargas ganhavam força e seu governo revolucionário se estabelecia, o Governo Federal passou a especular que uma das metas dos revolucionários era a secessão de São Paulo da federação brasileira. No entanto, o argumento separatista foi usado como táticas do governo Vargas para instigar a população do resto do país contra os paulistas. Não há evidência de que os comandantes do movimento procuravam a independência de São Paulo. O levante começou em 9 de julho de 1932, depois que quatro estudantes que protestavam foram mortos por tropas do governo em 23 de maio de 1932. Após a morte dos jovens, um movimento chamado MMDC (das iniciais dos nomes de cada um dos quatro estudantes mortos, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) começou. A quinta vítima, Alvarenga, também foi baleado naquela noite, mas morreu meses depois.
Em poucos meses, o estado de São Paulo se rebelou contra o governo federal. Contando com a solidariedade de parte das elites políticas de dois outros estados poderosos, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os políticos de São Paulo esperavam uma guerra rápida. No entanto, a solidariedade não se traduziu em apoio real e a revolta de São Paulo foi militarmente esmagada em 2 de Outubro de 1932.
Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história. A lei 2.430, de 20 de junho de 2011, inscreveu os nomes de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo heróis paulistas da Revolução Constitucionalista de 1932, no Livro dos Heróis da Pátria.[7] No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo os últimos dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates[8] . Apesar de sua derrota militar, algumas das principais reivindicações do movimento foram finalmente concedida por Vargas depois: a nomeação de um estado não-militar governador, a eleição de uma Assembleia Constituinte e, por fim, a promulgação de uma nova Constituição em 1934. No entanto, a Constituição foi de curta duração, pois em 1937, em meio a crescente extremismo nas alas esquerda e direita do espectro político, Vargas fechou o Congresso Nacional e promulgou outra Constituição, que estabeleceu um regime autoritário chamado Estado Novo.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Revolução de 1930[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Revolução de 1930
Na primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo vivenciou um acelerado processo de industrialização[9] e enriquecimento devido aos lucros da lavoura de café e à articulação da política do café-com-leite.[6] Por essa política, criada pelo presidente da república Campos Sales, se alternavam na presidência da República políticos dos estadosde São Paulo e de Minas Gerais[10] , os estados mais ricos e populosos da União.
No início de 1929, o governo de Washington Luís, ao nomear o paulista Júlio Prestes, apoiado por 17 estados, preteriu a vez de Minas Gerais no jogo da sucessão presidencial, rompendo a "política do café-com-leite", que vinha sendo aplicada desde o governo de Afonso Pena (1906-1909) que substituiu o paulista Rodrigues Alves na presidência da República. De acordo com este revezamento Minas Gerais - São Paulo na presidência da república, o candidato oficial, em 1930, deveria ser um mineiro, que poderia ser o presidente de Minas Gerais Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou o vice-presidente da república Fernando de Melo Viana ou ainda o ex-presidente Artur Bernardes, entre outros próceres políticos mineiros.[6] Porém, Washington Luís, depois de consultar os 20 presidentes de estado, em julho de 1929, recebeu o apoio de 17 deles a Júlio Prestes, e o indicou como candidato oficial à presidência da república nas eleições marcadas para 1 de março de 1930. Minas Gerais, então, rompe com São Paulo, une-se à bancada gaúcha no Congresso Nacional e promete apoio a Getúlio Vargas, se este concorresse à presidência[8] .
Em setembro de 1929, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a "Aliança Liberal" lançando Getúlio Vargas à presidência e João Pessoa, da Paraíba, à vice-presidência. Apoiavam Getúlio também o Partido Democrático de São Paulo, parte das classes médias urbanas e os tenentes, que defendiam reformas sociais e econômicas para o país. Os outros 17 estados da época apoiaram Júlio Prestes. Nesse momento, setembro de 1929, já era percebido, em São Paulo, que a Aliança Liberal e uma eventual revolução visavam especificamente São Paulo. Nos debates, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em 1929, se dizia abertamente que se a Aliança Liberal não ganhasse a eleição haveria revolução.[11]
Tendo o senador estadual de São Paulo Cândido Nazianzeno Nogueira da Motta denunciado, profeticamente, na tribuna do Senado do Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, em 24 de setembro de 1929, que:
Cândido Nogueira da Motta citou ainda o senador fluminense Irineu Machado que previra a reação de São Paulo:
Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson durante sua passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a Revolução de 1930.
Em meio à grave crise econômica, devido à Grande Depressão de 1929 que derrubara os preços do café, Júlio Prestes, que era membro do Partido Republicano Paulista, foi eleito presidente em 1 de março de 1930, vencendo em 17 estados e no Distrito Federal, mas não tomou posse. Apesar da grande votação nos 3 estados aliancistas, Getúlio Vargas foi largamente derrotado. Júlio Prestes, em São Paulo, teve 91% dos votos válidos.[12]
A ala mais radical da Aliança Liberal resolve pegar em armas e usa o assassinato de João Pessoa, em julho de 1930, como o estopim do movimento. O crime não teve motivos políticos, mas foi usado como tal, cujo impacto emocional deu novo ânimo aos oposicionistas derrotados. Cresce o apoio popular e os preparativos do golpe foram levados adiante e com rapidez, pois se aproximava o momento da posse de Júlio Prestes. Em 3 de outubro de 1930 estoura a insurreição. Os rebeldes tomam os três estados que irradiaram a revolução: (Rio Grande do SulMinas Gerais e Paraíba) e rumam para a capital federal.[13]
Em 24 de outubro de 1930, um golpe militar liderado por comandantes militares no Rio de Janeiro depõe Washington Luís e entrega, em 3 de novembro de 1930, o poder a Getúlio Vargas. Vitoriosa a revolução de 1930, Getúlio Vargas foi nomeado chefe do "Governo Provisório" e põe fim à supremacia política de São Paulo e Minas Gerais no governo federal. Entre outras ações, anistiou os rebeldes das revoluções de 1922 e 1924, modificou o sistema eleitoral e criou o Ministério do Trabalho. Getúlio tomou posse instalando no Brasil uma ditadura: suspendeu a Constituição e nomeou interventores em todos os estados, com exceção de Minas Gerais - reforçando o conflito com São Paulo; dissolveu o congresso nacional, os congressos estaduais (câmaras e senados estaduais) e as câmaras municipais.[carece de fontes]
Além de medidas de centralização política, outras se seguiram visando ao controle econômico pelo governo central: os estados foram proibidos de contratar empréstimos externos sem autorização do governo federal; o monopólio de compra e venda de moeda estrangeira pelo Banco do Brasil fá-lo controlar, assim, o comércio exterior. O governo impõe, ainda, medidas para controlar os sindicatos e as relações trabalhistas e cria instituições para intervir no setor agrícola como forma de enfraquecer os estados.[carece de fontes]
Júlio Prestes, o presidente Washington Luís e vários outros apoiadores de Júlio Prestes foram exilados na Europa, e os jornais que apoiavam Júlio Prestes foram destruídos (na época se dizia empastelados), entre eles, os jornais paulistanos Folha de S. Paulo, "A Plateia" e o Correio Paulistano e os jornais cariocas A Noite e O Paiz.[14]
Getúlio nomeou interventores para o governo dos estados, sendo que para São Paulo foi designado o tenente, promovido a coronel pela Revolução de 1930, João Alberto Lins de Barros, o qual a oligarquia paulista tratava pejorativamente como um "forasteiro e plebeu" ou, ainda, por pernambucano, codinome também adotado e difundido entre opovo paulista[15] .
Partido Democrático, que apoiara Getúlio Vargas em São Paulo, conseguindo para Getúlio 10% dos votos paulistas nas eleições de 1 de março, não conseguiu indicar o interventor federal em São Paulo. Para o comando da 2ª Região Militar de São Paulo foi designado o general Isidoro Dias Lopes, e para o comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo, então denominada "Força Pública", foi nomeado o major Miguel Costa. Ambos tinham tentado derrubar o governo paulista na Revolução de 1924. Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública por causa de suas ações em 1924. Isidoro Dias Lopes, porém, passaria para o lado dos paulistas para ser um dos comandantes da Revolução de 1932.
Após a derrota de São Paulo em 24 de outubro de 1930, quando triunfou a Revolução de 1930, foi deposto o presidente em exercício de São Paulo Heitor Penteado e o estado passou a ser governado pelo "Gabinete dos 40 dias", tendo o Tenente João Alberto como Delegado Militar da Revolução, formado por próceres do Partido Democrático. O Gabinete dos 40 dias renunciou devido às pressões dos tenentes, rompendo com João Alberto. A partir da renúncia do Gabinete dos 40 dias, São Paulo foi governado por interventores federais: Tenente João Alberto Lins de Barros (de 25 de novembro de 1930 até 24 de julho de 1931); Laudo Ferreira de Camargo (de 25 de julho de 1931 até 13 de novembro de 1931); Coronel Manuel Rabelo Mendes (de 13 de novembro de 1931 até 7 de março de 1932); e Pedro Manuel de Toledo (de 7 de março de 1932 até o fim da Revolução de 1932, em 2 de outubro de 1932). Em 23 de maio de 1932, Pedro de Toledo, foi aclamado pelos paulistas governador de São Paulo.
Logo depois de vitoriosa a Revolução de 1930, em 6 de novembro de 1930, Luís Carlos Prestes, que conhecia João Alberto do tempo da Coluna Prestes, lançou um manifesto onde dizia textualmente:
E o tenente João Cabanas, um dos chefes da Revolução de 1924 e revolucionário de 1930, no seu livro "Fariseus da Revolução", de 1932, assim definiu o tenente João Alberto:

Revolta paulista[editar | editar código-fonte]

Cartaz do movimento contra a ditadura getulista.
Em 1932 a irritação dos paulistas com Getúlio Vargas não cedeu com a nomeação de um paulista, Pedro Manuel de Toledo,[6] como interventor do estado, pois tanto este quanto Laudo Ferreira de Camargo (que havia renunciado por causa da interferência dos tenentes no governo) não conseguiam autonomia para governar. A primeira grande manifestação dos paulistas foi um megacomício - na época se dizia meeting - na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1932, com um público estimado em 200 000 pessoas, e, na época, chamados de "comícios-monstro". Em maio de 1932, ocorreram vários comícios constitucionalistas. As interferências da ditadura no governo de São Paulo eram constantes, não se deixando os interventores formarem livremente seu secretariado, nem do Chefe de Polícia de São Paulo. Pedro de Toledo não governava de fato, as interferências de Miguel CostaOsvaldo AranhaJoão Alberto Lins de BarrosManuel Rabelo e Pedro Aurélio de Góis Monteiro eram constantes.[carece de fontes]
O político Paulo Nogueira Filho descreve João Alberto Lins de Barros e Miguel Costa como pessoas que "se arvoravam como donatários de São Paulo".[16]
Júlio Prestes acreditava, já em 1931, que a situação da ditadura estava se tornando insustentável e declarou no exílio em Portugal:
Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de 1930, uniram-se, em fevereiro de 1932, na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" e uma nova Constituição. Assim, São Paulo inteiro estava contra a ditadura. Os paulistas consideravam que o seu estado estava sendo tratado pelo Governo Federal, que se dizia um "Governo Provisório", como uma terra conquistada, expressão de autoria de Leven Vanpré, governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo, pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos paulistas em 1930.
O estopim da revolta foi a morte, em 23 de maio de 1932, de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados a tiros por partidários da ditadura, pertencentes à "Legião Revolucionária", criada por João Alberto Lins de Barros e orientada pelo Major Miguel Costa. Pedro de Toledo tentara formar um novo secretariado independente das pressões exercidas pelos tenentes, quando chegou a São Paulo Osvaldo Aranha, representando a ditadura, querendo interferir na formação do novo secretariado. O povo quando ficou sabendo saiu às ruas, houve grandes comícios e passeatas, e no meio do tumulto a multidão tenta invadir a sede da "Legião Revolucionária". Ao subirem as escadarias do edifício, são recebidos a balas.
Pedro de Toledo, com o apoio do povo, conseguiu neste dia 23 de maio de 1932 montar um secretariado de sua livre nomeação (que ficou conhecido como o Secretariado de 23 de maio) e romper definitivamente com o Governo Provisório. O dia 23 de maio é sagrado em São Paulo como o Dia do soldado constitucionalista. A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA: Mário Martins de Almeida (Martins); Euclides Bueno Miragaia (Miragaia); Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio)/; Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo); e Orlando de Oliveira Alvarenga (Alvarenga).
Voluntário paulista na Revolução Constitucionalista.
MMDC foi organizado como sociedade secreta em 24 de maio de 1932, tendo sido projetado durante um jantar no Restaurante Posilipo, porAureliano Leite, Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto entre outros. Inicialmente, a sociedade foi chamada "Guarda Paulista", mas, depois, foi fixada em MMDC, em homenagem aos jovens mortos a 23 de maio. Em 10 de agosto, o Decreto nº. 5627-A, do governo do estado oficializou o MMDC, cuja direção foi entregue a um colegiado, presidido por Waldemar Martins Ferreira, secretário da Justiça, e tendo, como superintendente, Luís Piza Sobrinho. O MMDC foi instalado na Faculdade de Direito e depois transferido para o antigo Fórum, na rua do Tesouro, e depois para o prédio da Escola de Comércio Álvares Penteado.[18]
Esse fato levou à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização que se iniciara em janeiro de 1932. Neste movimento, liderado pelo MMDC, se uniram o PRP e o Partido Democrático, reconhecidos pelo governo federal como setores daoligarquia, que pretendiam a volta da supremacia paulista e do PRP ao poder e queriam, também, levar ao poder o candidato dos paulistas, Júlio Prestes, eleito à presidência mas não pode tomar posse, impedido pela Revolução de 1930.
Segundo Aspásia Camargo, em artigo para o jornal "O Estado de S. Paulo", em texto comemorativo dos 60 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, publicado em 9 de julho de 1992, o constitucionalismo paulista resultou de um conflito entre duas concepções de democracia: Democracia Social e Democracia Liberal. Para Getúlio Vargas e os tenentes, a democracia liberal formal era um engodo, tanto quanto o liberalismo brasileiro. Já para os paulistas, segundo Aspásia Camargo, principalmente para sua oligarquia, a democracia social era caso de polícia. Essa acusação contra os paulistas de que, em São Paulo, “questão social é questão de polícia”, se deve a uma distorção de uma frase do presidente Washington Luís por parte de seus adversários. A frase que realmente Washington Luís pronunciou foi
Começou-se, então, a se tramar um movimento armado visando à derrubada da ditadura de Getúlio Vargas, sob a bandeira da proclamação de uma nova Constituição para oBrasil. Desde seu início, a revolução de 1932 contou com o apoio decisivo da maçonaria paulista, através de suas lideranças e de seus membros como Pedro de Toledo, Júlio de Mesquita FilhoArmando de Sales OliveiraIbrahim de Almeida Nobre e outros.[18]
Em 9 de julho, Getúlio Vargas já havia estabelecido eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte (as eleições foram convocadas em fevereiro de 1932) e já havia nomeado um interventor paulista - as duas grandes exigências de São Paulo. Porém a interferência do governo federal e dos tenentes em São Paulo continuava forte. Os tenentes do Clube 3 de outubro eram contra a instalação de uma assembleia constituinte, tendo seus representantes entregado a Getúlio Vargas, em 3 de março de 1932, emPetrópolis, um manifesto contrário à constituinte, no qual dão seu total apoio à ditadura e no qual se manifestam contrários a uma nova constituição.[20]
Estes atos do Governo Provisório, porém, não evitaram o conflito, já que o PRP, agora unido ao seu rival Partido Democrático paulista, almejava voltar a dominar a políticanacional, como fazia anteriormente, dar uma constituição ao Brasil e terminar com as interferências da ditadura no governo de São Paulo. Era especialmente humilhante para São Paulo a nomeação do major Miguel Costa para comandante da Polícia Militar de São Paulo, então chamada de Força Pública, pois Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública em 1924 por tentar derrubar o governo paulista na Revolução de 1924.
O combatente-médico da revolução de 1932, Ademar Pereira de Barros, que governaria São Paulo por três vezes, assim explicou, em Santos, em 1934, as razões da revolução de 1932:

Conflito armado[editar | editar código-fonte]

Cartaz convocando os paulistas às armas
Em 9 de julho eclodiu o movimento revolucionário, com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros estados, notadamente Minas Gerais,Rio Grande do Sul e do sul de Mato Grosso, para a derrubada de Getúlio Vargas. Pedro de Toledo, que ganhara forte apoio dos paulistas, foi proclamado governador de São Paulo e foi o comandante civil da revolução constitucionalista. Foi lançada uma proclamação da "Junta Revolucionária" conclamando os paulistas a lutarem contra a ditadura.[21] Formavam a Junta Revolucionária Francisco Morato do Partido Democrático, Antônio de Pádua Sales do PRP e os generais Bertoldo Klinger e Isidoro Dias Lopes. O general Euclides Figueiredo assumiu a 2º Região Militar.
Alistaram-se 200 000 voluntários, sendo que se estima que, destes, 60 000 combateram nas fileiras do exército constitucionalista. No estado de São Paulo, a Revolução de 1932 contou com um grande contingente de voluntários civis e militares e o apoio de políticos de outros estados, antigos apoiadores da Revolução de 1930, como, no Rio Grande do Sul, Raul PillaBorges de Medeiros, Batista Luzardo e João Neves da Fontoura entre outros, que formaram a Frente Única Rio-Grandense, e que tentaram fazer uma revolta mas foram capturados (salvo Batista Luzardo, que conseguiu fugir) e exilados pelo interventor gaúcho.
Cartaz MMDC convocando o povo paulista às armas.
No atual Mato Grosso do Sul foi formado um estado independente que se chamou Estado de Maracaju, que apoiou São Paulo. Em Minas Gerais, a revolução de 1932 obteve o apoio do ex-presidente Artur Bernardes, que terminou também exilado. São Paulo esperava a adesão do interventor do Rio Grande do Sul, o estado mais bem armado, mas este na última hora decidiu enviar tropas não para apoiar São Paulo, mas para combater os paulistas.
Quando se inicia o levante, uma multidão sai às ruas em apoio. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o estado. Mas as tropas federais são mais numerosas e bem-equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. Quarenta mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de cem mil soldados.[21] Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção ao Rio de Janeiro pelo vale do Paraíba, com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado pelos outros estados.
Porém, com a não adesão dos outros estados, o plano imaginado por São Paulo não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por Getúlio Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do movimento levou São Paulo a se ver sozinho, com o apoio de apenas algumas tropas mato-grossenses, contra o restante do Brasil.[22] Comandadas por Pedro de Toledo, aclamado governador revolucionário, e pelo general Bertoldo Klinger, as tropas paulistas se viram lutando em três grandes frentes: o vale do Paraíba, o Sul Paulista e Leste Paulista. O estado de São Paulo, apesar de contar com mais de quarenta mil soldados, estava em desvantagem, pois, se encontrava num grande cerco militar.
Como as fronteiras do estado foram fechadas, não havia como adquirir armamento para o conflito fora do país. Assim muitos voluntários levaram suas armas pessoais, e engenheiros da Escola Politécnica do Estado (hoje EPUSP) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) passaram a desenvolver armamentos a serem produzidos pelo próprio estado para suprir as tropas. Um navio que trazia armamento dos Estados Unidos para os paulistas foi apreendido pela Marinha do Brasil.
No teste de um novo canhão, um acidente matou o Comandante da Força Pública, coronel Júlio Marcondes Salgado. Uma das armas mais sofisticadas feitas pela indústria paulista foi o trem blindado, usado na campanha militar no Vale do Paraíba. São Paulo criou moeda própria, que foi falsificada pelo Governo Vargas e distribuída na capital paulista para desestabilizar a economia do estado. O dinheiro paulista era lastreado pelo ouro arrecadado pela campanha "Ouro para o bem de São Paulo", também chamada de "Ouro para a vitória". Devido à falta de munição, os paulistas inventaram e passaram a usar um aparelho que imitava o som das metralhadoras, chamado de "matraca".
A maçonaria paulista teve participação ativa no movimento constitucionalista de 1932 através de suas lojas e de seus membros como Pedro de Toledo, interventor, Júlio de Mesquita Filho diretor do jornal "O Estado de S. Paulo" e o poeta Ibrahim de Almeida Nobre entre outros.[23] [24]
Houve intensa mobilização através do rádio, uma novidade na época, destacando-se César Ladeira da Rádio Record. Usaram-se muita propaganda e contra-propaganda ideológica por parte do Governo Federal, que acusava São Paulo de estar nas mãos do fascismo italiano trazido pelos imigrantes. Brasileiros de outras regiões eram recrutados pela ditadura para combater São Paulo, sob a justificativa de que São Paulo queria se separar do Brasil. [carece de fontes]
A ditadura colocava elementos infiltrados em reuniões e comícios em São Paulo que pregavam o derrotismo e o desânimo da população.[21] Um ato bárbaro ocorrido durante a Revolução de 1932 se deu na cidade de Cunha, quando as tropas federais torturaram e mataram o agricultor Paulo Virgínio por este se recusar a dizer onde estavam as tropas paulistas. Paulo Virgínio foi obrigado a cavar sua própria sepultura e morreu dizendo:
Paulo Virgínio, junto com os jovens do MMDC, está enterrado no ponto central do Mausoléu do Ibirapuera e é homenageado dando seu nome a rodovia SP-171, que corta a região onde ele foi assassinado, o Vale do Paraíba. O movimento estendeu-se até 2 de outubro de 1932, quando foi derrotado militarmente.

Separatismo[editar | editar código-fonte]

Cartaz de convocação para Enfermeiras Voluntárias paulistas
Entre os grupos que formavam a direção da Revolução Paulista, existiam os separatistas que desejavam a independência de São Paulo como uma república soberana ou a formação de uma federação onde os estados adquiririam a soberania (confederação). Entre os principais defensores do separatismo destacavam-se o presidente do Tribunal de Justiça, Costa Manso, os escritores José Alcântara Machado e Monteiro Lobato e o historiador Alfredo Ellis Junior.[25]
Monteiro Lobato, especificamente, foi o que mais deixou documentos e relatos sobre o desejo de independência dos paulistas. Em 10 de agosto, depois de um mês de conflitos, o famoso autor enviava uma carta emocionada a Waldemar Ferreira, um dos líderes da revolução, na qual apresentava um balanço da crítica situação em que se encontrava São Paulo, observando ao seu amigo que “há o que a boca diz e há o que o coração sente. Minha boca diz o que todos neste momento dizem – mas meu coração, e talvez o de São Paulo inteiro, sente o que vai escrito nas tiras anexas”. E o que o coração de Lobato expressava traduzia-se num texto intitulado “A defesa da vitória de São Paulo”, em que deixava claro que, para os paulistas, só havia dois caminhos: hegemonia ou separação.
Monteiro Lobato, admirador de Washington Luís, apoiou a candidatura do Júlio Prestes, que, como presidente de São Paulo, realizara explorações de petróleo em território paulista, tendo escrito a ele, em 28 de agosto de 1929, uma carta de apoio em que dizia:
A gigantesca campanha pela adesão das massas às causas revolucionárias, por pautar-se no enaltecimento de valores regionais, trazia em seu bojo o fortalecimento dos argumentos separatistas, ideário presente em São Paulo durante toda a sua história. Retratando a síntese desse paradoxo, Mário de Andrade registrava que o lema "Tudo por São Paulo" – que se fazia presente em faixas, veículos e nos quepes dos soldados – era “a única unanimidade” naqueles agitados dias de 1932. Definitivamente, foi “por São Paulo” – e não pelo Brasil – que tantos homens e mulheres se sacrificaram. O autor ainda, após o armistício, manifestava ao amigo mineiro Carlos Drummond de Andrade o rancor que lhe dominava a alma:[28]

Frentes de combate[editar | editar código-fonte]

Soldados paulistas no Túnel daMantiqueira
Batalhão Redentor Filhos de Iguape, defronte ao jardim do largo da Igreja Matriz
Soldados paulistas fotografados porClaro Jansson em Itararé
Tropas gaúchas acampadas na área do Instituto Biológico (futuro Parque do Ibirapuera)
Prédio destruído por bombardeio aéreo legalista em Campinas
Vale do Paraíba
Principal acesso para o Rio de Janeiro, o vale do rio Paraíba do Sul era visto pelos paulistas como teatro principal da guerra. A estratégia paulista previa a conquista da cidade fluminense de Resende, que chegou a ser bombardeada pela artilharia paulista, e previa também o apoio de tropas mineiras e uma marcha rápida em direção à cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, com a falta de apoio de Minas Gerais, as tropas paulistas demoraram a se mover em direção a Resende e logo se viram defendendo seu próprio território das tropas federais.
Os combates mais importantes se deram na região do Túnel da Mantiqueira, que divide São Paulo de Minas Gerais e que era considerado um ponto militar estratégico de grande importância. O terreno acidentado do vale do Paraíba paulista e a existência de diversas cidades levaram a um combate encarniçado entre as tropas, porém a superioridade de tropas e armamentos das forças de Getúlio Vargas levou à ocupação de diversas cidades paulistas do Vale do Paraíba, como CaçapavaLorena e Cruzeiro, e ao recuo das tropas paulistas em direção à capital no final do conflito[29] .
Setor Leste
Os primeiros batalhões paulistas que seguiram para o "Setor Leste" ou a "Frente Leste", tiveram seu "Batismo de Fogo" já na primeira semana de guerra. O "Batalhão Fernão Dias", formado por voluntários e organizado pelo Dr.Fernão Salles havia entrado em Ouro Fino - MG sob o comando do capitão Antônio Pietscher. Segundo relatos de oficiais e soldados que estavam presentes, a atitude impensada do capitão Pietscher de tomar Pouso Alegre terminou com a morte de dezenas de soldados paulistas. As tropas federais, porém, que haviam se retirado, cortaram as linhas da estrada de ferro e destruíram os pontilhões, a fim de evitar o avanço das forças paulistas. Estas, por sua vez, fazendo reconhecimento do terreno e repondo os trilhos foram avançando, até que, à tarde, nas proximidades de Borda da Mata, rompeu violenta fuzilaria do adversário. O "Batalhão Fernão Dias" reagiu energicamente, realizando-se o combate que durou a noite toda. Neste combate, Fernão Salles, comandante do batalhão, foi morto. Após setembro de 1932, cidades paulistas próximas à divisa com Minas Gerais, como Itapira, foram ocupadas pelas tropas fiéis a Getúlio Vargas, tendo sido travadas batalhas no Morro do Gravi, Atibaia e em Bragança Paulista[30] .
No alto da serra da Mantiqueira, num local conhecido com Garganta do Embaú, ocorreram combates violentos com intuito de dominar aquele ponto estratégico, bem como o túnel da estrada férrea o que permitiria o controle do acesso ao sul de Minas por ferrovia. Os paulistas invadiram a cidade mineira de Passa-Quatro, que foi posteriormente tomada por tropas leais ao Governo Vargas.
Centro paulista
No centro do estado de São Paulo, destaca-se a região de Botucatu, onde inclusive a Igreja Católica participou ativamente das atividades revolucionárias, que iam desde a coleta de fundos na campanha "Ouro para o bem de São Paulo", até o envio de enfermeiras e paramédicos para as frentes de batalha. O Bispo de Botucatu, Dom Carlos Duarte Costa, doou parte do tesouro da Diocese de Botucatu, chegando mesmo a doar sua "Cruz Peitoral", e organizou um batalhão que ficou conhecido como o "Batalhão do Bispo"[31] .
Sul Paulista
O Sul paulista, principal teatro de operações das tropas federais, era o setor mais desguarnecido do estado de São Paulo, pela crença do apoio que viria do Rio Grande do Sul. Tropas do sul se posicionaram na divisa de São Paulo e Paraná, próximos à cidade de Itararé. Esta, por um grave erro logístico das tropas paulistas, não foi defendida, tendo estas se retirado para o rio Paranapanema, abrindo quase 150 quilômetros de território paulista para as tropas federais, a Coluna Sul[32] .
Como nas demais frentes, tropas federais, em maior número e mais bem equipadas, ocupam cidades paulistas como Buri e Guapiara, com o agravante de estas estarem situadas mais ao interior do estado do que nas outras frentes.
Sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul)
O grande aliado dos paulistas na revolução foi outro palco de combates: o atual estado do Mato Grosso do Sul (cujo território na época ainda fazia parte do estado de Mato Grosso) fora até dividido durante a Revolução de 1932, se emancipando como Estado de Maracaju. Posteriormente a divisão do estado do Mato Grosso aconteceu com a criação do Mato Grosso do Sul, divisão desejada desde o término da Guerra do Paraguai. As tropas sul-mato-grossenses que deveriam se unir às tropas de São Paulo nunca conseguiram chegar ao destino, impedidas pelos federais, ocorrendo duas batalhas principais: em Porto Murtinho e Coxim. Na região dessas duas cidades ocorreram combates violentos contra as forças federais formadas por soldados do norte do estado (atual estado de Mato Grosso)[33] .
Na região de Porto Murtinho, ocorreu um dos episódios mais sanguinários da Revolução de 1932. Tropas sul-riograndenses cercaram e degolaram mais de 300 combatentes revoltosos.[34] A luta pelo Porto Murtinho foi o feito mais notável dos sul-mato-grossenses no conflito. Ocorreram ainda batalhas sangrentas na tentativa de forçar a entrada de recursos para São Paulo, já que o Porto de Santosestava sob bloqueio naval governista. O Porto de Santos só fora tomado pelos getulistas no dia 12 de setembro de 1932, mais de dois meses depois do início da luta.[carece de fontes]
Rio Grande do Sul
Apesar da "traição" oficial do governo do estado comandado pelo general Flores da Cunha, alguns gaúchos entraram na luta no próprio Rio Grande do Sul. Liderado por Borges de Medeiros, um batalhão de cerca 450 homens utilizavam táticas de guerrilha para fixar tropas federais, isto é, atacando destacamentos que partiriam do Rio Grande do Sul para vir reforçar os getulistas contra São Paulo, impedindo-os de chegar aos frontes, principalmente à frente paranaense[35] .
A frente rio-grandense chegou ao fim na Batalha de Cerro Alegre, no município de Piratini, no dia 20 de setembro de 1932, quando foram mortos mais de duzentos homens das forças rebeldes e o líder Borges de Medeiros foi preso.

Aviação[editar | editar código-fonte]

Durante a revolução, a aviação teve um importante papel no conflito, sendo usada pelos legalistas para eventuais bombardeios e ataques a posições rebeldes, como os dez bombardeios aéreos a Campinas, que causaram muitos danos à infraestrutura da cidade. Os ataques foram comandados pelo major-aviador Eduardo Gomes de 15 a 29 de setembro de 1932. Além disso, outras cidades, como Lorena, sofreram com um ataque em 19 de setembro.

Fim do conflito[editar | editar código-fonte]

Telegrama relatando o fim das hostilidades.
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O interior do estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Getúlio Vargas e a capital paulista era ameaçada de ocupação. A economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos.
Vendo que a derrota e a ocupação do estado eram questão de tempo, as tropas da Força Pública Paulista, atual Polícia Militar de São Paulo, são as primeiras a se render, no final de setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revolucionária paulista se rende em 2 de outubro de 1932, na cidade de Cruzeiro, para as forças chefiadas pelo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro.
As tropas gaúchas ocupam a capital paulista, pela segunda vez, em menos de dois anos. A primeira vez fora logo após a vitória da revolução de 1930. A maior parte dos líderes paulistas, que não tinha sido exilada em 1930, foi então exilada com a derrota de Revolução de 1932. O comandante das forças militares do Sul do Brasil (Exército Sul), do Governo Provisório, que combateram São Paulo, o General Valdomiro Castilho de Lima, é nomeado governador militar em São Paulo.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Obelisco de São Paulo, noParque Ibirapuera, construído em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista.
Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio. Entre os paulistas as baixas são estimadas em mais de mil mortos, somente no mausoléu do Obelisco do Ibirapuera é guardada as cinzas de 713 ex-combatentes, além dos cinco estudantes mortos em decorrência do protesto contra o governo de Getúlio Vargas em 23 de maio de 1932.[36] Do lado federal nunca foram liberadas estimativas de mortos nem de feridos. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.
Na versão do governo, a Revolução de 1932 não era necessária, pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Segundo os paulistas, não teria havido redemocratização no Brasil se não fosse o Movimento Constitucionalista de 1932. De qualquer forma, o término da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. Apesar da derrota militar, as lideranças paulistas consideraram ter obtido uma vitória moral.[37] Em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, quando as mulheres votaram pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Nesta eleição, graças à criação da Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras[38] . Ainda, ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação da Constituição brasileira de 1934.
Getúlio, terminada a revolução de 1932, se reconcilia com São Paulo, e depois de várias negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Sales Oliveira, participando, mais tarde, em 1938, pessoalmente da inauguração da avenida 9 de Julhoem São Paulo[39] .
Durante o Estado Novo, os dois interventores federais em São Paulo saíram das hostes do Partido Republicano PaulistaAdhemar Pereira de Barros (1938-1941) e Fernando de Sousa Costa (1941-1945), que havia sido secretário da agricultura do Dr. Júlio Prestes. Durante a Revolução foram reavivadas as tradições bandeirantes do estado, saindo nas notas do dinheiro paulista, e em muitas publicações, as imagens dos principais bandeirantes paulistas.
Para os paulistas, a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do estado, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos. Lembrada por feriado no dia 9 de julho (desde 1997[37] ), a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de São Paulo do que no interior do estado, onde a destruição e as mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas. A revolução de 1932 é também muito relembrada nas regiões de divisa, onde se travaram os combates, especialmente no Vale do Paraíba paulista[40] .
No restante do país, o movimento, assim como a já citada Guerra dos Farrapos, é mais lembrado pela versão dos vitoriosos, onde os rebeldes visavam a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder, algo inaceitável para os demais brasileiros, e de uma rebelião de velado caráter separatista, que são as versões predominante nos livros didáticos de história do Brasil.[41]

Preservação da memória e dos ideais de 1932[editar | editar código-fonte]

Monumento aos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 no Cemitério da Saudade, emCampinas.
No feriado estadual de 9 de julho, anualmente se realizam comemorações e desfiles cívico-militares, sendo que o mais importante desfilese realiza no Parque do Ibirapuera em São Paulo. Nesta solenidade, são depositados no Mausoléu do Soldado Constitucionalista os restos mortais dos veteranos falecidos no ano corrente.
Em 25 de Janeiro de 1934 foi inaugurado o primeiro monumento em homenagem aos combatentes mortos durante o conflito, na cidade de Itapira-SP. O Monumento do Morro do Gravi é, até os dias atuais, o grande marco em homenagem aos soldados mortos em todo o "Setor Leste" Paulista.
Em homenagem à revolução de 1932, no início de julho, um grupo de paulistas faz a "Caminhada 9 de Julho", percorrendo, todos os anos, a pé, 927 quilômetros pelo estado de São Paulo. Cruzam o estado de São Paulo, saindo de Rubineia, no extremo oeste do estado, e vão terminar a caminhada em Cruzeiro, no Vale do Paraíba, onde foi assinada a rendição dos paulistas. Os organizadores desta caminhada cívica pretendem entrar para o livro Guiness dos recordes como a maior caminhada cívica do mundo.
Em 2008 a cidade de Cruzeiro recebeu através da lei estadual 13203 o honroso título honorífico de "Capital da Revolução Constitucionalista de 1932" em virtude dos marcantes episódios desse conflito ocorridos no município, dentre os quais a assinatura do armistício, termo de cessação da Revolução que se deu no dia 2 de outubro de 1932 na Escola Arnolfo Azevedo (na época transformada em quartel-general das tropas paulistas), localizada na região central da cidade.
O Exército Constitucionalista ainda existe e é presidido por veteranos de 1932. A Sociedade dos Veteranos de 1932 preserva a memória, documentos e relíquias de 1932.

Impacto cultural[editar | editar código-fonte]

O conflito foi retratado em novelas da televisão brasileira como a Novela Éramos Seis (1994), produzida e transmitida pelo SBT[42] ; e a Novela Esperança (2002), produzida e transmitida pela Rede Globo[43] , ambas com uma perspectiva favorável a causa dos constitucionalistas. A minissérie da Rede Globo JK (2006), sobre a vida do ex-presidenteJuscelino Kubitschek, narra sua participação no conflito, em que atuou como médico na região do Túnel em Passa Quatro-MG[44] . Em 2002 foi produzido pela TV Cultura e aTV assembléia o documentário A Guerra dos Paulistas - A Revolução Constitucionalista de 1932, em comemoração aos 70 anos do movimento armado[45
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