Sustentabilidade embalagens vivas

A Tribuna - 07/05/2012 - C4

Quando os grandes supermercados decidiram abolir as sacolas plásticas, muitos
consumidores ficaram irritados. Afinal, as sacolinhas são uma pequena parcela
dentre todos os polímeros que existem nas lojas. O contra-argumento dos
varejistas é que para muitas dessas embalagens

não existem opções a não ser a resina sintética. Mas, em breve, isso vai
mudar. De caixas a filmes para frutas e legumes, tudo poderá ser feito sem uma
gota de petróleo.

Há poucas semanas, foi inaugurado um novo laboratório no País, dedicado
exclusivamente ao desenvolvimento das chamadas embalagens comestíveis.
Localizado no Ceará, sob o comando

da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), o novo centro de
pesquisas já desenvolve películas a partir de produtos orgânicos típicos da
região, como algas, cera de carnaúba, fécula de mandioca ou goma de cajueiro.
O produto é ideal para revestir alimentos, tais como frutas inteiras ou
fatiadas.

LONGEVIDADE

Pesquisas realizadas com a maçã mostraram que, em condições naturais, ou seja,
sem controle de temperatura ou umidade, o uso dessas embalagens aumenta a vida
útil do produto em 40 dias. No caso de peras e goiabas, a integridade do fruto
pode ser elevada em 20 dias. Caso seja refrigerado, esse tempo pode ser maior
que um ano. Os benefícios desse novo tipo de polímero vão muito além do fato
de serem isentos de derivados de petróleo. Na verdade, esse é apenas um
detalhe, apesar de importante, em todo o processo.

Atualmente, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, o desperdício de frutas e legumes no Brasil chega a 35% de toda
a produção, que acaba indo para o lixo. Além disso, o descarte incorreto das
embalagens plásticas acarreta uma série de danos ambientais e econômicos.

PERIGO

Hoje, essas resinas são um dos materiais mais abundantes nos aterros, onde
levam décadas para se decompor - sem falar no fato de representarem um perigo
crescente para a vida marinha. Já os polímeros naturais, por outro lado, são
compostáveis e não geram resíduos tóxicos, desaparecendo em poucas semanas. "A
gente trabalha, principalmente, para tentar diminuir a geração de lixo pelas
embalagens convencionais", afirma a pesquisadora Henriette Azeredo,
coordenadora do recém-inaugurado Laboratório de Embalagens de Alimentos da
Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza(CE). "Os filmes comestíveis são
revestimentos

protetores depositados, de forma controlada, sobre frutas e hortaliças. Eles
não são embalagens convencionais.

Uma vez aplicados, eles passam a fazer parte do alimento e dessa forma podem
ser ingeridos", diz a pesquisadora.

MARKETING

Esse plástico natural retarda a perda de água e as trocas gasosas entre o
alimento e o ambiente, dobrando o tempo de vida do produto. Desenvolvido em
parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla
em inglês), eles são quase transparentes e podem ter sabor e aroma idênticos
ao da fruta com que são feitos.

Do ponto de vista tecnológico, o produto já se encontra em condições de deixar
o laboratório para ser aplicado em larga escala. Porém, o seu custo final
ainda é superior aos filmes feitos com resinas de petróleo. Hoje, esse é o
desafio dos cientistas: viabilizar economicamente as embalagens naturais.

No entanto, segundo Henriette, tem sido difícil convencer o setor industrial a
adotar a nova metodologia. Os grandes supermercados, que se mostraram tão
ciosos quanto ao uso das

sacolinhas, têm agora uma ótima oportunidade para demonstrar que a preocupação
ambiental vai além das ações de marketing.


www.sositaguare.blogspot.com


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