Imaginem se essa moda pega em Bertioga?


Jogada de marqueting ou não, está claro que as corporações farão o que puderem para dividir o mico com o consumidor, e incluí-lo na cota de prejuízos da logística reversa que vem aí com tudo!

É como se dissessem:

Olha aqui, se for para computar o estrago, o produto vai ficar mais caro, e vocês que já sustentam toda a cadeia produtiva terão que pagar por mais isso! Então, calma aí com a consciência!

Continuem nossos sócios no desenvolvimento do produto porque saímos na frente, somos transparentes e seremos os primeiros a repassar a bucha para os setores que realmente causam o passivo, pois, somos apenas os anjos que realizam o sonho por vocês!

Defendemos a iniciativa privada com unhas e dentes, corremos o risco de investir e fazemos jus aos resultados, mas agora a conversa mudou, viu? Somos uma corporação metida a sustentável, mas o problema é coletivo, entendido? 

Como são bonzinhos, esses alemães! 

Boa leitura!




Até pouco tempo, nenhum diretor de sustentabilidade permitiria uma coisa dessas em sã consciência. Mas eis que no apagar das luzes de 2011 surge a maior inovação do ano no campo da responsabilidade socioambiental corporativa. A multinacional alemã Puma calculou e tornou público o tamanho do prejuízo que sua cadeia de negócios causa ao meio ambiente, em termos financeiros. O saldo: € 145 milhões, com base no ano de 2010.
A iniciativa é inédita no mundo corporativo e eleva os critérios de transparência para um novíssimo patamar. É uma conta a ser paga não por quem causou o prejuízo, mas por cidadãos e governos de todo o mundo, nos locais onde se instalaram as operações da companhia. No caso da Puma, 94% desse total tem origem na rede global de fornecedores, responsáveis pela produção de couro, borracha e algodão.
Mas por que uma companhia chegaria ao ponto de divulgar esse gigantesco pendura, escancarando seu próprio telhado de vidro? Eu fiquei bem entusiasmada. Primeiro, porque é um instrumento sem igual para que a empresa tenha a dimensão do problema e comece a tomar as medidas necessárias para reduzir a sua pegada, amparada por um compromisso público agora inescapável.
Segundo, porque nos ajuda a ter a dimensão desse bode na sala, as chamadas “externalidades”, custo de um impacto ambiental que gera lucro às empresas, mas que fica como um legado nefasto para toda a sociedade. Desde que li a notícia, não consigo tirar esse número da cabeça. Cento e quarenta e cinco milhões de euros. O que aconteceria se todas as grandes corporações do mundo fizessem o mesmo cálculo? A que dimensão estratosférica o saldo chegaria? E que impacto esse número teria sobre a opinião pública?
Está aí um belo chute inicial para essa discussão tão importante. Para a Puma, fica uma jogada de mestre para promover a credibilidade da companhia junto ao seu público consumidor, a chance de lançar um efeito cascata do bem sobre sua cadeia produtiva e a influência certeira sobre a concorrência. Atenção maquiadores da sustentabilidade, dedicados a divulgar apenas as noções vagas daquilo que aparentemente pega bem. Tudo que vocês acreditam está errado.

www.sositaguare.blogspot.com

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