Palavra de pangaré, uma crônica minúscula que é dose pra cavalo.


Palavra de pangaré, uma crônica minúscula que é dose pra cavalo.

Visivelmente  melhor cuidados que muita gente. Muito bem selados e montados por amazonas e cavaleiros a caráter, seis cavalos de porte vêm em minha direção...Crianças saem do mar assustadas. Os pais chamam. A praia está vazia, mas aqui e ali há pessoas pescando, canoas sendo retiradas do mar, crianças brincando e outros, como eu, caminhando à beira d'água....Saltam ondas, isolados ou em grupo. Cavalgam pelo mar em fila indiana serpenteando entre as ondas. Fazem evoluções, trotam... Os cavaleiros parecem não se importar com quem está no caminho. Eles sabem que não estão montados em pangarés. Pela velocidade, pelo volume de água que espirra para todos os lados, devem supor que pangarés somos nós,  e que devemos sair do caminho sem que se preocupem...Mas não mudo o rumo e me contornam com o olhar ácido como se fosse eu o petulante...Irritado, saio da água para a areia. Uma viatura de polícia passa. Polícia Militar. Viram os cavalos, sim, mas passam direto por eles como se fosse a cena mais banal  de seu dia a dia...Aceno que parem. Acenam de volta como quem cumprimenta  um vizinho, sem reduzir a velocidade e seguem adiante...Caminho mais uma centena de metros e paro para conversar com o guarda-vidas que diz ter reparado, mas não tem instruções para interceder. Num ''cá entre nós'' discreto, diz que a lei é clara e que, por exemplo, cães  não podem andar na praia e muito menos tomar banho de mar. E complementa: acho que nenhum animal pode: isso dá multa!... Entendido o recado  e compreendida a impotência do guarda,  sigo...Mas de quem será a impotência se estamos  todos diariamente perplexos diante de manifestações de prepotência e abuso de poder como essa?...A quem recorrer? A quem reclamar se situações como esta são encaradas como normalidade pelo próprio poder público e se repetem em nossas praias? Esperar o que de um Município onde a lei é privatizada segundo conveniências  e cidadãos comuns são invadidos em seu direito de ir e vir sem nenhuma cerimônia?...Diante do caos em que vivemos, ao contrário dos narcisos de prefeitura, sei o que é prioritário e não vou adiante com isso. Mas registro aqui minha indignação como base para reflexão e certo de que será lida pelos pangarés responsáveis...


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