CARA MOELA VEIO DA AFRICA TRAZIDA PARA O BRASIL PELOS AFRICANOS .
Cara moela
Esse tipo de cará é pouco conhecido no país e a produção comercial, pequena. É mais encontrado nos quintais ou em campos experimentais, como o da Embrapa-Hortaliças, no Distrito Federal. A espécie faz parte de um trabalho de resgate de hortaliças não-convencionais.
O cará-moela gosta de clima quente, mas vai bem em todo tipo de solo. O agrônomo Nuno Madeira explica que a melhor época para plantar é no início da estação chuvosa. Basta abrir uma cova de 40X40 cm e colocar um quilo de esterco de boi curtido e 100 gramas de adubo fosfatado. “A gente efetua o plantio com os tubérculos aéreos, que são a estrutura de propagação. Chamando atenção: nessa gema de onde vai sair a brotação a gente faz o plantio deixando, assim, ela bem no início, bem a flor da terra”, explica Nuno.
O cará-moela é uma planta rústica, pouco exigente, mas uma adubação sempre ajuda, especialmente quando se pensa em plantios comerciais: “É recomendado fazer duas adubações de cobertura, principalmente com matéria orgânica e complementação na parte de nitrogênio e potássio, podendo utilizar ou biofertilizante. A quantidade vai variar em função da análise de solo”, diz o agrônomo.
Geralmente, não é preciso irrigar, pois os plantios coincidem com o período chuvoso. Oito meses depois, o cará-moela já está grande e produzindo. Nuno recomenda que se faça o tutoramento da planta para que ele não produza em contato com o solo e não apodreça ou fique ao alcance de animais. Para isso, o agricultor pode utilizar cercas, pomares e árvores menos utilizadas comercialmente. A colheita deve ser feita no solo, depois que ele cair.
O cará-moela é uma boa fonte de nutrientes, como explica a agrônoma Neide Botrel, especialista em ciências dos alimentos da Embrapa-Hortaliças: “Ele têm 7% de proteína, ao passo que a batata tem 2%. Amido tem em torno de 75%, o que é muito interessante também para o consumo humano”, explica. Ele pode ser consumido cozido, para substituir o pão no café da manhã ou nas refeições juntos com carnes e sopas, sempre em substituição à batata.
Nuno Madeira preparou uma costela de boi cozida com cará-moela. “Tem que descascar um pouquinho mais profundo para tirar essa parte esverdeada. E um detalhe é que quando a gente termina de descascar, o recomendado é colocar direto na água, porque se a gente deixar fora da água ela vai oxidar muito rápido”, lembra o agrônomo.
A costela, temperada com sal, vai para a panela de pressão sem tampa junto com alho e cebola. Depois de 15 minutos, a carne já está dourada e é a hora de acrescentar o cará-moela, picado em pedaços, e a água até ficar um dedo acima da costela. Em seguida, vai para a pressão por 15 minutos. O ponto é quando os ossos se soltam da carne. Nuno serve com temperos, como cebolinha miudinha, e farinha a gosto.
O gosto lembra um pouquinho o inhame, lembra a batata na textura, mas tem o sabor de cará.
Não é muito fácil encontrar esse cará para começar um cultivo. Tem que fuçar em feiras e mercados regionais ou pedir para algum vizinho que cultive a planta na horta.
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