Nelson Dreux Taxidermista do Instituto de Pesca a mais de 15 anos .


Taxidermista cria novas técnicas e 'revive' grandes animais em Santos

Entre as recriações de Nelson estão uma lula gigante, tubarões e arraias.
Profissional criou novos métodos para tornar a taxidermia mais fiel


Nelson Dreux Taxidermista do Instituto de Pesca a mais de 15 anos.
Silvio MunizDo G1 Santos
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Nelson segura um tubarão que pesa pouco mais de um quilo, mas que já pesou cerca de 200. (Foto: Silvio Muniz/G1)Nelson segura um tubarão que pesa pouco mais de um quilo (Foto: Silvio Muniz/G1)
Um fabricante de pranchas de surf em Santos, no litoral de São Paulo, resolveu 'radicalizar' e mudar de profissão. Há 14 anos, Nelson Dreux utilizou algumas técnicas aprendidas com a confecção de pranchas para se tornar taxidermista e descobrir um mundo totalmente novo. Entre seus trabalhos está, por exemplo, a 'imortalização' de uma lula gigante com mais de cinco metros de comprimento.
Dreux é taxidermista no Museu de Pesca de Santos. A taxidermia é um método de conservação de corpos de animais, que recebem expressões corporais como se estivessem vivos pelas mãos do profisisonal, que os molda da forma que quiser. Quase todas as espécies são possíveis de ser manipuladas. Para Nelson, a paixão pelo ofício surgiu quando ele acompanhava o antigo profissional na taxidermização de um tubarão que hoje está exposto no museu de Cananéia, no Vale do Ribeira.

Há 22 anos, quando acompanhava o então taxidermista do museu, uma dúvida apareceu. Parte dos dentes frontais da mandíbula do animal haviam desaparecido e ninguém sabia como fazer para substituí-los. Foi quando Nelson, que fabrica pranchas de surfe e caiaque, sugeriu reproduzir os dentes com resina. Daí por diante, ele passou a observar o trabalho, estudar as técnicas e criar novas formas de conservar animais para estudo. “A taxidermia é uma profissão que exige o senso estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião, a criatividade do professor Pardal, a paciência de um monge e a teimosia de uma mula”, define Nelson, que criou esse conceito para explicar o que faz.
Carpa ganhou movimento nas mãos do taxidermista (Foto: Silvio Muniz/G1)Carpa ganhou movimento nas mãos do
taxidermista (Foto: Silvio Muniz/G1)
Entre as centenas de peças já produzidas por Nelson está uma lula de mais de 5,4 metros, que foi taxidermizada e hoje é uma das estrelas do museu. Segundo Nelson, esse é o único exemplar empalhado em exposição. “Existem lulas conservadas em produtos químicos, mas desse tipo não tem”, conta. O animal está exposto há mais de 10 anos. Na ocasião, Clyde F. E. Roper, zoologista do Museu de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington, enviou uma mensagem elogiando o feito de Dreux e pedindo para aprender a técnica usada para preservar o animal. Além da lula, a coleção do museu tem ainda tubarões de vários tipos e tamanhos, lobos marinhos, peixes, aves, arraias tartarugas e aves.
O reconhecimento de Roper encheu Dreux de orgulho, mas devido compromissos, o encontro não foi possível. “Ensino pessoas formadas, biólogos, dou aula sobre o tema em universidade, mas por não ter a formação universitária é como se eu não soubesse fazer o que faço. No Brasil é assim. Cada vez que chega um animal aqui eu tenho que pesquisar sobre ele, conhecer a espécie, características, hábitos”, conta.

Nelson desenvolveu técnicas que mudaram a forma de taxidermizar. “Antes usava-se serragem para preencher o animal, madeira como base para apoiá-lo e olho de vidro. Esses materiais orgânicos diminuíam a preservação do animal, dando um aspecto de madeira, porque a serragem acabava escurecendo a pele do bicho, perdendo o aspecto natural que o taxidermista procura”, diz.  Nelson passou a preencher os animais com plástico bolha e mais tarde desenvolveu a serragem sintética, feita com material reciclável. Ao invés de vidro, Dreux passou a usar resina para fabricar os olhos.
Lula gigante é um dos orgulhos da coleção, com seus mais de 5 metros (Foto: Silvio Muniz/G1)Lula gigante é um dos orgulhos da coleção, com
seus mais de 5 metros (Foto: Silvio Muniz/G1)
O taxidermista ensinou a técnica para muitas pessoas, de várias partes do país. Entre eles, quatro pescadores da cidade de Mongaguá, dos quais dois vivem atualmente ganhando a vida vendendo pequenos animais taxidermizados como baiacus e siris. “Esses animais eram recolhidos nas redes de camarão e acabavam indo para o lixo. Com a técnica, eles empalham e vendem em feiras como lembranças para turistas”, explica.

Embora Nelson desenvolva a taxidermia como sua principal atividade no museu, ele não tem a técnica como profissão. “Descobri que houve uma mudança na lei que reconhece o taxidermista e dá direitos trabalhistas que antes mão eram garantidos”, diz. Com a mudança, Nelson pretende buscar a classificação de seu trabalho conforme determina a lei. Dreux se diz apaixonado pelo ofício e desenvolve com paixão cada trabalho que chega. Para ele, o mais importante é criar. “A cada dia eu tenho uma ideia nova. Acabei de criar um método que vai fazer com que eu use apenas ar e sacos plásticos para preencher os animais”,diz.

O Museu de Pesca de Santos fica na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 192, na Ponta da Praia. Atualmente, o local está passando por uma reforma e deve reabrir antes do final do ano. Nelson convida aos visitantes para que o procurem no laboratório de taxidermia do museu. “Gosto de receber as pessoas, explicar como funciona o trabalho e mostrar o que temos no museu. O que faço é dar sobrevida ao animal, criando outra utilidade a ele ao transformá-lo em uma ferramenta didática”, finaliza.
Nelson mostra sua nova criação, usada para preencher os animais (Foto: Silvio Muniz/G1)Nelson mostra sua nova criação, usada para preencher os animais (Foto: Silvio Muniz/G1)
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