Nota da Fundação Mantiqueira: Mensagem de Conclamação às Responsabilidades Públicas
Publicado em janeiro 17, 2011 por HC |
Em póstumo respeito à memória daqueles que foram vitimas das últimas catástrofes, sobretudo em nome daquelas centenas de crianças ali sacrificadas, como cidadãos, gostariamos de chamar a atenção e fazer urgente e grave apelo às nossas autoridades e à todos os responsáveis pela administração pública nos âmbitos Federal, estadual e Municipal.
É necessário, diante de mais esse ocorrido dramático, uma vez por todas e de forma imediata, cabal e efetiva, que o Poder público venha assumir a tarefa político-administrativa de estabelecer e impor a importante e fundamental ordenação da ocupação do solo e de prover instrumentos eficazes para zelar pelo cumprimento dos regulamentos e das leis ambientais existentes. Infelizmente, o que temos assistido é a rendição da governança, a colocar-se como réfem dos interesses imediatistas e muitas vezes espúrios da baixa política, do Agronegócio, das “ Monsantos “ transnacionais (feiticeiras dos agrotóxicos e dos transgênicos), da especulação imobiliária, etc.
O processo de ocupação desordenada e irregular das áreas de risco, geotécnicamente inadequadas, seja pela favelização, pelo lado das carências, seja pela “condominização“, pelo lado das ganâncias, e que está na origem maior dos desastres que vêm se agravando e se multiplicando nos últmos tempos, é uma constante e nefasta característica presente nas diferentes regiões brasileiras, consequência de desmandos políticos, omissões administrativas, desrespeito às leis do País e, principalmente, ausência de fiscalização ágil e efetiva.
Esse mesmo processo, neste momento, por exemplo, vem se reproduzindo, aceleradamente, em diversas e importantes áreas rurais e montanhosas do Sudeste, como é o caso da Mantiqueira, que tem visto suas áreas serranas serem transformadas em focos de “ turistificação “ intensiva e desregulada ( a “campos-de-jordanização “do hinterland brasileiro..) , como acontece com Santo Antonio do Pinhal ( SP ) , Monte Verde ( MG ), Visconde de Mauá ( RJ ), entre outras.
Alí, como na maioria dos municípios da Região, que são parte da Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira ( similar àquela existente entre Petrópolis e Teresópolis…), a abertura indiscriminada de acessos e asfaltamentos agressivos ao Meio Ambiente, a ocupação ilegal das ( APPs) Áreas de Preservação Permanente ( exatamente como em Nova Friburgo …) , em margens de cursos d’água, encostas íngremes, etc., através da expansão irregular dos loteamentos turísticos, é uma realidade óbvia e preocupante, a anunciar a repetição desses anunciados desastres.
Como fator agravante, constata-se o completo despreparo, a desinformação ou a indiferença das administrações municipais dessas zonas rurais, alheias a qualquer forma de planejamento urbanístico ou ambiental.
Além disso, perpetuando um estado crônico de desinformação, a grande mídia continua escamoteando informações vitais com respeito à reconhecida gravidade e iminência da Crise Climática , já em andamento. Sempre servil ao Sistema, ao Poder e, sobretudo, ao bom andamento dos “ negócios”, a Imprensa prefere noticiar e alardear o delírio dos megaprojetos ufanistas, como este do famigerado “trem-bala” ou Copas do Mundo e Olimpíadas ( a velha fórmula política do “Pão & Circo “ ), a abordar temas estratégicos para a nossa sobrevivência, ciosa que é de que “ Business must go on…”como de costume.
É chegado o momento da população, agora alertada e mais atenta pelo trauma sofrido, cobrar, enérgicamente, o melhor uso do dinheiro público. Os muitos bilhões de dólares a serem destinados a tais projetos desnecessários e cosméticos, se bem empregados, poderão representar não só um resgate da sua qualidade de vida, como a diferença entre a Vida e a Morte.
Núcleo de Estudos Sócio-Ambientais / Fundação Mantiqueira
Lino Matheus de Sá Pereira
Álvaro Braga
Lino Matheus de Sá Pereira
Álvaro Braga
Contra o relatório aprovado pela Câmara dos Deputados! Viva o Código Florestal!
Por uma lei de Responsabilidade Ambiental que penalize os administradores públicos por ações e omissões.
Por uma lei de Responsabilidade Ambiental que penalize os administradores públicos por ações e omissões.
Nota da Fundação Mantiqueira: Mensagem de Conclamação às Responsabilidades PúblicasEm póstumo respeito à memória daqueles que foram vitimas das últimas catástrofes, sobretudo em nome daquelas centenas de crianças ali sacrificadas, como cidadãos, gostariamos de chamar a atenção e fazer urgente e grave apelo às nossas autoridades e à todos os responsáveis pela administração pública nos âmbitos Federal, estadual e Municipal. É necessário, diante de mais esse ocorrido dramático, uma vez por todas e de forma imediata, cabal e efetiva, que o Poder público venha assumir a tarefa político-administrativa de estabelecer e impor a importante e fundamental ordenação da ocupação do solo e de prover instrumentos eficazes para zelar pelo cumprimento dos regulamentos e das leis ambientais existentes. Infelizmente, o que temos assistido é a rendição da governança, a colocar-se como réfem dos interesses imediatistas e muitas vezes espúrios da baixa política, do Agronegócio, das “ Monsantos “ transnacionais (feiticeiras dos agrotóxicos e dos transgênicos), da especulação imobiliária, etc. O processo de ocupação desordenada e irregular das áreas de risco, geotécnicamente inadequadas, seja pela favelização, pelo lado das carências, seja pela “condominização“, pelo lado das ganâncias, e que está na origem maior dos desastres que vêm se agravando e se multiplicando nos últmos tempos, é uma constante e nefasta característica presente nas diferentes regiões brasileiras, consequência de desmandos políticos, omissões administrativas, desrespeito às leis do País e, principalmente, ausência de fiscalização ágil e efetiva. Esse mesmo processo, neste momento, por exemplo, vem se reproduzindo, aceleradamente, em diversas e importantes áreas rurais e montanhosas do Sudeste, como é o caso da Mantiqueira, que tem visto suas áreas serranas serem transformadas em focos de “ turistificação “ intensiva e desregulada ( a “campos-de-jordanização “do hinterland brasileiro..) , como acontece com Santo Antonio do Pinhal ( SP ) , Monte Verde ( MG ), Visconde de Mauá ( RJ ), entre outras. Alí, como na maioria dos municípios da Região, que são parte da Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira ( similar àquela existente entre Petrópolis e Teresópolis…), a abertura indiscriminada de acessos e asfaltamentos agressivos ao Meio Ambiente, a ocupação ilegal das ( APPs) Áreas de Preservação Permanente ( exatamente como em Nova Friburgo …) , em margens de cursos d’água, encostas íngremes, etc., através da expansão irregular dos loteamentos turísticos, é uma realidade óbvia e preocupante, a anunciar a repetição desses anunciados desastres. Como fator agravante, constata-se o completo despreparo, a desinformação ou a indiferença das administrações municipais dessas zonas rurais, alheias a qualquer forma de planejamento urbanístico ou ambiental. Além disso, perpetuando um estado crônico de desinformação, a grande mídia continua escamoteando informações vitais com respeito à reconhecida gravidade e iminência da Crise Climática , já em andamento. Sempre servil ao Sistema, ao Poder e, sobretudo, ao bom andamento dos “ negócios”, a Imprensa prefere noticiar e alardear o delírio dos megaprojetos ufanistas, como este do famigerado “trem-bala” ou Copas do Mundo e Olimpíadas ( a velha fórmula política do “Pão & Circo “ ), a abordar temas estratégicos para a nossa sobrevivência, ciosa que é de que “ Business must go on…”como de costume. É chegado o momento da população, agora alertada e mais atenta pelo trauma sofrido, cobrar, enérgicamente, o melhor uso do dinheiro público. Os muitos bilhões de dólares a serem destinados a tais projetos desnecessários e cosméticos, se bem empregados, poderão representar não só um resgate da sua qualidade de vida, como a diferença entre a Vida e a Morte. Núcleo de Estudos Sócio-Ambientais / Fundação Mantiqueira Lino Matheus de Sá Pereira Álvaro Braga Contra o relatório aprovado pela Câmara dos Deputados! Viva o Código Florestal! Por uma lei de Responsabilidade Ambiental que penalize os administradores públicos por ações e omissões. |
Chuvas, dor, morte e destruição, artigo de Aroldo Cangussu
Publicado em janeiro 17, 2011
Com receio de ser repetitivo, mas encarando a realidade, sou obrigado a escrever aqui quase tudo que havia feito há exatamente um ano atrás: 15 de janeiro de 2010. Mais uma vez as chuvas de verão provocam grandes perdas de vidas humanas e um enorme estrago material, principalmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Os programas de televisão não falam de outra coisa: desabamentos, inundações, pânico, terror e muito, muito sofrimento. Parece incrível que as autoridades não tomem providências para um fato absolutamente previsível. Ninguém mais é pego de surpresa. Todos sabem que as chuvas provocam um gigantesco estrago em regiões de risco sobejamente conhecido. Todo final e início de ano é a mesma coisa. Casas sendo soterradas, pessoas perdendo tudo, alagamentos, lixo boiando nas enxurradas e correntezas e as mesmas explicações de sempre: impermeabilização do solo, construções inadequadas em locais inadequados, acúmulo de sujeira, entupimentos de bueiros, desmatamento, ocupação desordenada do solo, deficiência do sistema de drenagem urbana e por aí vai.
Mais uma vez quero colocar a minha indignação com a inépcia dos governantes, com a falta de planejamento administrativo, com o aproveitamento político da miséria e com o oportunismo dos maus dirigentes. Os prefeitos, por exemplo, só se preocupam com o FPM, não constroem projetos sustentáveis, não procuram arrecadar os recursos que estão disponíveis em vários ministérios, mostrando total ignorância na arte moderna de administrar. Tratam a coisa pública como se fosse de sua propriedade e usam todo o tipo de picuinha para extrair para si os dividendos, como se estivessem em uma minúscula cidade do interior.
Novamente, vou defender a água e a Natureza. Não têm culpa de nada. A água é o elemento vital da vida. Precisamos dela para a nossa própria sobrevivência neste planeta. Mas, a água tem as suas peculariedades. Ela acompanha a gravidade, passa por um ciclo perfeitamente determinado e precisa de toda uma sistematização para cumprir este ciclo. Se desrespeitada, reage naturalmente, desconhecendo os obstáculos que a atividade humana coloca em seu caminho.
A tragédia da região serrana do Rio de Janeiro é um exemplo do quanto poderia ser evitada a morte de centenas de pessoas. Trata-se de uma região incrustada na Mata Atlântica onde chove muito, bem acima da média das precipitações do restante da região sudeste. Além disso, possui um relevo bastante acidentado cuja única proteção são as árvores. Eliminando-as, não resta mais nada que impeça os desbarrancamentos. A equação ocupação de encostas + desmatamento dos morros + chuvas torrenciais = tragédia. Para resolvê-la não é necessário ser gênio em matemática, basta ser governante honesto e preocupado com a seriedade e planejamento.
* Aroldo Cangussu é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
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